Serão as mulheres o “sexo fraco” da medicina? Sabe-se, pelo menos, que o sexo influencia o diagnóstico e o tratamento de muitas doenças. E, embora as mulheres continuem a viver mais tempo do que os homens, vivem também menos anos com boa saúde no nosso país.
Sobre o autor
Este artigo foi escrito pelo Dr. Eric Mertens, Diretor-Geral da DSB Communication e editor das revistas SEMPER Luxembourg™ e Letz be healthy™, em colaboração com a DKV Luxembourg.
Segundo o relatório estatístico sobre a vida das mulheres no Grão-Ducado do Luxemburgo, publicado em 2023 pelo STATEC, a esperança de vida das mulheres era de 85 anos, contra 81,7 anos para os homens, de acordo com o Governo luxemburguês. No entanto, os homens desfrutam de mais anos de boa saúde (até aos 64 anos) do que as mulheres (62 anos), uma situação que também se verifica nos países escandinavos, em Portugal e nos Países Baixos. Nos restantes países europeus, verifica-se o oposto.
Assim, o Luxemburgo ocupa o 16.º lugar a nível europeu, abaixo da média europeia de 65 anos. As mulheres vivem mais tempo com boa saúde e menos tempo na Letónia.
O crescimento da medicina de género
A compreensão das diferenças entre homens e mulheres em termos de saúde (conhecida entre os especialistas como gender health gap) deu origem à chamada medicina de género, uma área em franco crescimento nos últimos anos. O seu objetivo é garantir que as diferenças entre homens e mulheres sejam devidamente consideradas na investigação, na prevenção e no tratamento das doenças.
Durante muito tempo, o paciente padrão era o homem e as mulheres eram excluídas da maioria dos estudos, incluindo dos ensaios de novos medicamentos, que eram testados exclusivamente ou maioritariamente em homens. Como resultado, O resultado, as necessidades específicas das mulheres continuam, ainda hoje, a ser insuficientemente consideradas. Sabe-se, por exemplo, que as mulheres com endometriose sofrem durante muitos anos antes de obterem um diagnóstico.
Em 2017, foi implementada uma diretiva europeia destinada a promover a igualdade na investigação clínica. Apesar desses progressos, as mulheres continuam muitas vezes sub-representadas. Até o desenvolvimento da inteligência artificial tende a perpetuar este círculo vicioso, pois baseia-se em dados existentes, nos quais os homens estão sobre-representados. Uma verdadeira questão de “ovo e galinha”, portanto.
O autismo manifesta-se de forma diferente nas mulheres
De acordo com investigações recentes da Faculdade de Ciências Humanas, Ciências da Educação e Ciências Sociais (FHSE) da Universidade do Luxemburgo, as mulheres com perturbações do espetro do autismo estão provavelmente por diagnosticar, dado que as suas competências sociais tendem a mascarar a condição.
A longo prazo, contudo, o esforço constante destas mulheres para “agir como as outras pessoas” pode conduzir ao esgotamento, à depressão ou ao burnout. Este é apenas um dos mecanismos que ajudam a explicar porque que razão a saúde mental e o bem-estar das raparigas e mulheres são, desde tenra idade, sistematicamente inferiores aos dos homens.
Medicina no feminino: sabia que...?
O facto de uma paciente ser acompanhada por um médico do sexo masculino ou por uma médica do sexo feminino pode, por vezes, fazer a diferença. A possibilidade de consultar um médico do mesmo sexo nem sempre foi algo evidente. Homenagem a algumas pioneiras no Grão-Ducado.
Em 1922, Marcelle Dauphin tornou-se a primeira mulher médica-dentista no Luxemburgo. No ano seguinte, em 1923, Louise Welter tornou-se a primeira médica generalista, tendo-se tonrado mais tarde médica escolar da cidade do Luxemburgo. Entre as ginecologistas, destacam-se ainda Flore Kayl, ginecologista que se estabeleceu em Esch em 1932, e Elise Hannes, pediatra e ginecologista instalada na Cidade do Luxemburgo em 1934.
As duas primeiras farmacêuticas do país foram Mari Lentz (nascida em 1896), que deixou o país em 1925 para se casar com um cidadão alemão, e Marguerite Delmotte (nascida em 1902), que obteve o seu diploma em 1928 e abriu a sua farmácia em Esch em 1930.
Fonte: Dr. Henri Kugener (Semper Luxembourg)
Enfartes subdiagnosticados
Como a World Heart Federation recorda, as mulheres com doenças cardiovasculares continuam a ser subdiagnosticadas e subtratadas, devido a ideias erradas e à falta de sensibilização tanto por parte dos pacientes como dos profissionais de saúde. Como consequência, as mulheres têm maior probabilidade de morrer de um enfarte do que os homens.
Esta situação deve-se, em grande parte, à crença generalizada de que as doenças cardiovasculares afetam sobretudo os homens. Além disso, as manifestações das doenças cardíacas nas mulheres podem diferir das observadas nos homens, fazendo com que os seus sintomas sejam, por vezes, atribuídos à ansiedade.
Sabia que, nos nossos países, nos últimos 15 anos, a percentagem de mulheres com menos de 50 anos vítimas de enfarte triplicou e que, em caso de paragem cardíaca, uma mulher tem 27% menos probabilidade de receber massagem cardíaca do que um homem?
Iniciativas no Luxemburgo
Desde 2017 que a Clínica da Menopausa do CHL oferece um acompanhamento global e personalizado dos sintomas e dos riscos para a saúde que podem ser agravados pelas alterações hormonais associadas à menopausa
Saiba mais sobre a Clínica da Menopausa: chl.lu/fr/service/clinique-de-la-menopause
Fatores de risco cardiovascular nas mulheres
Vários fatores de risco importantes para as doenças cardiovasculares afetam tanto mulheres como homens, nomeadamente a hipertensão arterial, má alimentação, a obesidade, o sedentarismo e a hipercolesterolemia.
No entanto, outros fatores podem desempenhar um papel ainda mais relevante:
- Diabetes: as mulheres diabéticas têm maior probabilidade de desenvolver doenças cardíacas do que os homens diabéticos;
- Tabagismo: as mulheres fumadoras têm um risco mais elevado de desenvolverem doenças cardiovasculares do que os homens fumadores;
- Menopausa: a diminução dos níveis de estrogénios após a menopausa aumenta o risco de doenças cardiovasculares;
- Complicações na gravidez: a hipertensão arterial ou a diabetes gestacional aumentam, a longo prazo, o risco de hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares.
No Luxemburgo, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres, provocando seis vezes mais vítimas do que o cancro da mama. Por este motivo, recomenda-se um check-up cardiovascular completo a todas as mulheres a partir dos 50 anos.
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